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Entrevista Presidente Paulo Melro
O Presidente do Clube Desportivo Trofense concedeu esta quinta-feira,
uma entrevista ao site do Clube. Abordou a nova época, o processo de
inscrição na 2ª Liga, os encargos financeiros do plano de recuperação, o
projeto da Direção e as eleições para a Liga.
1) Presidente, a pouco mais de 15 dias de começar uma nova época desportiva como correm os preparativos?
Estamos dentro dos prazos e a cumprir o planeamento. Os nossos
departamentos estão a trabalhar para que tenhamos todas as condições e
os recursos para iniciar a pré-época a 1 de Julho. O nosso orçamento é
muito rigoroso e, por isso, precisamos de mais tempo para concluirmos os
processos. Lentamente, estamos a conseguir aproximarmo-nos daquilo que
pretendemos. O processo de contratações está entregue ao mister Porfírio
Amorim e ao Departamento de Futebol Profissional.
2) Afirmou recentemente que o Trofense estará na edição 2014/2015 da
2ª Liga, já tem a solução para ultrapassar o impedimento de inscrição de
jogadores?
Como sabem esse impedimento foi originado pela falta de entrega da
certidão das Finanças e da Segurança Social a atestar a ausência de
dívidas. Temos esse problema para resolver e outros, como os salários em
atraso dos jogadores e dos funcionários, mas confio que os nossos
parceiros cumprirão com a palavra. Precisamos de receber todas as
receitas que fazem parte da época 2013/2014 para conseguirmos
regularizar e cumprir os nossos compromissos. Temos até ao final do mês
de Junho para encontrar soluções para os nossos problemas.
3) Quais as suas perspetivas desportivas para a nova época?
Temos consciência das dificuldades que o Clube atravessa, por isso temos
de ser realistas. Ainda é cedo para definir metas e objetivos, mas
confio plenamente na capacidade e na competência técnica das pessoas que
estão à frente do processo da construção do plantel para a nova época. É
certo que o nosso plantel sofrerá alterações significativas, sendo
neste momento o nosso objetivo assegurar a permanência de jogadores
influentes, como o caso do Tiago ou do Brayan, Nani e Diogo Freire que
têm propostas para sair. Estamos também em conversações com jogadores
que têm contrato, mas que não encaixam no nosso orçamento ou plano
desportivo. A preparação da nova época tem dificuldades acrescidas,
porque todos sabem o que podemos gastar e que o nosso poder financeiro
andará perto das equipas do campeonato nacional de seniores. Pretendemos
um plantel de 26 jogadores com muita qualidade, determinação e ambição,
sendo que até ao momento, 6 deles são da nossa formação, nomeadamente
Ricardo, André Viana, Jorge Inocêncio, Simãozinho, Miguel Ângelo e Bruno
Simões, o que nos orgulha imenso. Estamos a construir uma base que
assegure o futuro desportivo do nosso Clube. Resumindo, somos realistas e
muito ambiciosos. Vamos deixar a bola rolar, para depois
posicionarmo-nos.
4) Com início do pagamento do plano de recuperação o Trofense
certamente necessitará de mais apoios para garantir a sua
sustentabilidade?
Sim, é um facto. Para além do orçamento anual do Clube, incluindo o da
SDUQ, é necessário garantir mais apoios para conseguir pagar o acréscimo
de 160.000,00€ anuais referentes ao plano de recuperação. Trata-se de
um desafio enorme, maior do que garantir a manutenção da equipa na 2ª
Liga. Para já temos assegurados os apoios da época anterior e estamos a
desenvolver contactos e esforços junto de potenciais patrocinadores para
aumentarmos as nossas receitas de patrocínio. O orçamento do futebol
profissional será mais reduzido, estamos a cortar nos custos e nas
despesas, vamos ajustar salários, mas não conseguimos fazer milagres. As
receitas de participação na 2ª Liga têm diminuído e os custos estão
aumentar de ano para ano. Para sobreviver mais uma época vamos ter de
realizar parcerias que possibilitem a vinda de jogadores sem custos para
o Clube. O apoio da Câmara Municipal da Trofa será fundamental para
equilibrar o orçamento do Departamento de Formação, tendo em conta que
não temos contrato programa desde 2011.
5) Foi reeleito recentemente para o biénio 2014-2016, qual é o projeto da sua Direção?
O lema do nosso projeto terá de ser com menos fazer mais. O nosso
projeto passará por moldar o Clube ao negócio futebol, fazendo gerar o
aumento de receitas. Só com a diminuição de custos e com o aumento das
receitas, teremos capacidade para fazer face aos compromissos futuros.
Temos a base das duas últimas épocas, em que o Clube teve os orçamentos
mais baixos, desde que está no futebol profissional, e mesmo assim as
receitas não cobriram os custos. Teremos de ser mais rigorosos e
metódicos na abordagem desportiva à próxima época. Não podemos cometer
os erros do passado, com a necessidade de mudar a equipa técnica, nem de
fazer grandes alterações no plantel em Janeiro. Temos de fazer um bom
planeamento e recrutamento. Para isso, conto com a experiência e a
competência do mister Porfírio Amorim. Acrescido a isto, há a
necessidade de profissionalizar a gestão desportiva da Sociedade
Desportiva SDUQ, que passará por mudanças internas. Temos de
reestruturar o futebol profissional e brevemente daremos notícias deste
processo. Mas, o caminho é este. Ter uma boa equipa, com excelentes
jogadores, que faça um campeonato regular sem grandes oscilações. Vamos
criar e potenciar sinergias para fazer aumentar as receitas provenientes
do futebol profissional. A formação, por sua vez, continuará a ser uma
prioridade do nosso projeto, queremos cada vez mais ter jogadores da
formação a serem opções na equipa de futebol profissional. Temos como
objetivo que a equipa de Juniores esteja a disputar a 1ª divisão do
campeonato nacional a curto prazo. Recentemente, fizemos contratos de
formação com 7 jogadores dos Juvenis, depositando muitas e boas
expetativas no futuro.
6) Como comenta o que se tem passado no processo eleitoral para a Liga?
Não há muito para comentar, mas sim para lamentar. Reclama-se
insistentemente pela credibilidade do futebol português e na prática
muito pouca gente contribui para essa imagem. Neste processo o interesse
dos Clubes está em segundo ou em terceiro lugar, não é prioritário. O
imbróglio criado tem fundamentos jurídicos e estatutários, não cabendo a
mim fazer juízos. Só sei que estamos a dias de começar uma nova época,
sem estabilidade organizativa e diretiva, sem patrocinadores para as
competições e sem saber se a Liga tem condições financeiras para
garantir a realização dos jogos, nomeadamente, dos jogos da Taça da
Liga. Penso que os Clubes terão uma palavra a dizer neste contexto e
mostrar firmemente que a Liga existe e serve para defender os seus
interesses. De resto é tudo histórias. Como Presidente de um Clube que
compete na 2ª Liga, tenho a dizer que o melhor para os Clubes da 2ª Liga
é ter alguém para Presidente que se interesse e se motive por aumentar
as receitas a distribuir pelos Clubes. A prioridade da Liga deve ser
comercial, pois a sustentabilidade dos Clubes da 2ª Liga depende das
receitas que a Liga for capaz de distribuir, sendo de direitos
televisivos, de patrocínios ou de fundos de solidariedade.
Fonte: site oficial do C.D.Trofense
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