domingo, novembro 03, 2013

Moreirense x Trofense | Opinião de Emanuel Costa



Em primeiro lugar centremo-nos no contexto: o primeiro classificado, o melhor ataque da competição, um dos maiores orçamentos, recebeu o último classificado, um dos menores orçamentos. O CD Trofense cumpriu o seu oitavo jogo na condição de visitante. Nas últimas sete viagens só conheceu um resultado: a derrota. Quanto ao Moreirense, em onze jogos em casa só havia perdido por duas vezes. Missão difícil, mas não impossível. Mesmo sendo duas equipas com estados anímicos totalmente antagónicos.

 

 


Porfírio Amorim mostrou satisfação com a última exibição e repetiu o onze que empatou com o Santa Clara. E o pontapé de saída trouxe o expectável. Mais Moreirense que em dia de festa pretendia presentear os seus adeptos com a soma de mais três pontos. Logo a abrir uma dupla que atormentou Matheus ao longo dos primeiros 45' (Paulinho e Edgar Costa) criou uma situação de cruzamento para o segundo poste que só não resultou em finalização bem sucedida devido a uma defesa apertada de Conrado. O Trofense repetiu a estratégia dos outros jogos fora. Uma postura de expectativa, pouco pressionante no meio campo ofensivo, com um bloco medio/baixo, que permitia ao Moreirense ter controlo da posse de bola e criar situações de ataque sucessivos, procurando sair, a espaços, em contra ataques rápidos lançados por Hélder Sousa. 

 

Na primeira parte o guarda redes do CD Trofense esteve em grande nível, sendo batido unicamente num livre indireto a entrada da área superiormente executado pelo atleta da equipa da casa. Ao contrário da dinâmica que consegue ter no seu estádio, o Trofense quando joga na condição de visitante e uma equipa reativa. Ou seja, só após o golo do adversário (que, inevitavelmente, tem surgido) e que sobe as linhas, procura jogar de forma mais apoiada e consegue criar mais situações de ataque. Foi assim nas Aves, foi assim em Matosinhos... Apesar do golo da equipa da casa ter provocado a tal reação do Trofense, a verdade é que o guarda redes Carlos continuou sem trabalho até ao intervalo. Os remates ora saiam ao lado, ora esbarravam no corpo dos defensores da turma vimaranense. 

 

Para além de Conrado, deve ser realçado o bom nível exibicional da dupla Luiz Alberto/Dennis. Principalmente o espanhol, que revela uma maturidade apreciável para quem só agora chegou ao futebol profissional em Portugal. Os laterais tiveram dificuldades em suster o bom jogo exterior do Moreirense, sobretudo devido a falta de auxílio por parte dos alas Equatorianos. Quando Paulinho ou Florent davam profundidade, a equipa da casa, por norma, conseguia situações de cruzamento. A Matheus valeu (em certas ocasiões) a dobra de Dennis. No meio campo Tiago não e omnipresente e isso reduz consideravelmente a probabilidade em recuperar a posse de bola. O duplo pivot Tiago/Hélder Sousa permite ter mais qualidade no momento de transição ofensiva, mas perde agressividade no momento defensivo. A pouca disponibilidade de Maicon para o apoio ao coletivo no momento em que a equipa esta sem bola também não ajuda. O pivot defensivo do Moreirense teve sempre liberdade para receber, olhar, rodar, conduzir e passar (com qualidade). Na frente, os alas e o ponta tem qualidade, mas ainda se encontram num processo de adaptação e aprendizagem que exigia uma gestão competitiva mais criteriosa. No entanto, olhando as restantes opções disponíveis, percebe-se a aposta.


 

Para a segunda parte, o Moreirense recuou e o Trofense aproveitou para ter mais posse e ganhar algum ascendente. Lances de bola parada consecutivos fizeram o líder tremer e o empate chegou a ser claramente possível. O Moreirense espreitava saídas para o contra ataque, mas sem conseguir a qualidade evidenciada no primeiro tempo. Mateus Fonseca foi lançado para o lugar de Viafara (joga bem de costas para a baliza, e possante, lutador, tem potencial... Mas não tem golo) e procurando receber entre linhas foi organizando o ataque. Vítor Oliveira respondeu com Wagner e o nosso bem conhecido André Carvalhas. Este último teve um lance de génio, bem a sua imagem, conseguindo furar a passiva equipa do Trofense, oferecendo o golo ao primeiro. Uma expulsão de Maicon logo de seguida trouxe instabilidade emocional que teve consequências na grande penalidade clara concretizada por Pires e na saída muito precipitada de Conrado que proporcionou o quarto golo. Felizmente o jogo acabou logo depois e o resultado fixou-se no 4-0 final.


4 jogos, 0 vitorias, 0 golos marcados. E este o saldo do novo timoneiro. Continua a haver muito trabalho pela frente para recuperar na tabela classificativa. E preciso reduzir os níveis de ansiedade e aumentar a confiança? Claro! Mas não podemos centrar a atenção no problema. Para isso bastava a contratação de um psicólogo. E preciso, sim, focar na solução. E a solução e somar pontos, e somar a primeira vitoria... Como? Marcando golos. E esse e o principal problema da nossa equipa.


Resta aguardar para perceber se existirão diferenças já na receção ao Tondela.

 


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