segunda-feira, julho 30, 2012

À conversa com Miguel Ângelo



 

Miguel Ângelo Ferreira de Castro é um defesa central de 27 anos que passou pelo C.D.Trofense na temporada 2006/2007 (época de estreia nos campeonatos profissionais) e também em 2008/2009. Tendo disputado um total de 48 jogos (entre campeonato e taça da Liga), marcou um golo mas em ambas as épocas, foi dos elementos mais utilizados.

 

Tendo efetuado a formação no Sporting, em sénior rodou pela equipa B antes de ser emprestado sucessivamente ao Casa Pia, Barreirense, Trofense e Portimonense. Com o fim da ligação ao clube lisboeta, assinou contrato com o Marítimo onde jogou apenas meia temporada, terminando a época 2009/10 em Olhão. Na temporada seguinte, decidiu aventurar-se e, rumou ao futebol Cipriota para representar o APOP, tendo voltado ao campeonato Português na época que agora findou.

 

 

Blog dos Trofenses: Quem é o Miguel Ângelo?

 

Miguel Ângelo: Um rapaz simples, porreiro e amigo do seu amigo.

 

BDT: Como foi a tua infância?

 

MA: Foi uma infância normal, felizmente não passei por dificuldades que muitos miúdos da minha idade passam, os meus pais sempre fizeram tudo para que não me faltasse nada e tenho a agradecer a eles, tudo o que sou hoje devo-os a eles.

 

BDT: O que gostas de fazer nos teus tempos livres?

 

MA: Sou muito caseiro, gosto de estar no computador a navegar na internet, ver televisão, ir ao cinema e estar com os amigos.

 

BDT: Qual/quais os teus pratos preferidos?

 

MA: Bacalhau à Brás.

 

BDT: Desde pequeno sempre tiveste o gosto pelo futebol? E quando é que surgiu a vontade de fazer desse gosto a tua profissão profissional?

 

MA: Sim, comecei muito cedo a ter gosto pelo futebol, influenciado pelo meu pai que também foi jogador e depois treinador. Soube logo que era do futebol que queria fazer a minha vida porque sempre que podia ia para a rua jogar com os meus amigos, nos intervalos na escola que eram de 5 minutos organizava logo duas equipas para jogarmos, basicamente sempre que me era permitido pelos meus pais, estava sempre em contacto com uma bola.

 

BDT: Sempre foste defesa central?

 

MA: Não, antes de ir para o Sporting, jogava como medio ofensivo, jogava no escalão acima do da minha idade e fazia muitos golos, mas quando cheguei ao Sporting o Mister Osvaldo Silva meteu-me a treinar a defesa central num treino, ele gostou e a partir dai meteu-me sempre a treinar nessa posição e assim fiquei ate aos dias de hoje.

 

BDT: Ao longo da tua carreira já tiveste a oportunidade de trabalhares com diversos treinadores. Houve algum que te marcasse mais?

 

MA: Osvaldo Silva, Aurélio Pereira, Luís Martins, Vítor Pontes

 

BDT: Passaste por uma das melhores academias de formação do mundo como é o caso do Sporting. No entanto, chegado a sénior, foste sucessivamente emprestado. Sentes alguma mágoa por não teres tido uma oportunidade de te afirmares no clube?

 

MA: Mágoa não sinto, mas, que não tive as oportunidades que muitos outros tiveram isso é verdade, mas, numa equipa como o Sporting nem todos os que vêm da formação podem chegar à equipa principal, muito já tem feito o Sporting neste aspeto em comparação com as restantes equipas do nosso campeonato.

 

BDT: Como vês o regresso das equipas B, agora num contexto mais exigente para os jogadores das mesmas, em virtude de se inserirem nos campeonatos profissionais (ao invés do passado em que estavam na antiga 2ª divisão B)?

 

MA: Certamente é uma grande mais-valia para os jovens de agora poderem aspirar a integração na equipa principal num futuro próximo, competindo num campeonato profissional e estando constantemente em análise e em observação pelo técnico da equipa principal.

 

BDT: Como é que surgiu a oportunidade de ingressares no Clube Desportivo Trofense?

 

MA: Eu ingressei no Trofense quando este tinha acabado de subir à segunda liga, sinceramente conhecia pouco do clube mas recolhi informações muito positivas e decidi ingressar no clube.

 

BDT: Qual é o balanço que fazes dessa época?

 

MA: Foi uma época de aprendizagem para mim, não comecei como titular, tive de me habituar ao futebol mais físico da segunda liga e quando me deram a oportunidade consegui agarra-la e jogar com muita regularidade.

 

BDT: Após uma temporada em Portimão, regressaste ao Trofense. A aposta pessoal neste regresso à Trofa prendeu-se sobretudo com a possibilidade de atuares no primeiro escalão do futebol Português?

 

MA: Foi um motivo aliciante não vou negar, mas também porque as pessoas gostavam de mim e quando saí do clube, saí a bem sem problemas com ninguém, se não fosse assim também não era possível ter voltado no ano a seguir, alias, não é muito normal isso acontecer.

 

BDT: Recordas algum momento em particular desses 2 anos passados na Trofa?

 

MA: Recordo nos tempos de 1ª liga, principalmente nos jogos grandes havia muita gente nas ruas aquando a passagem do nosso autocarro e principalmente junto ao estádio era um mar de gente, são momentos que recordo com saudade.

 

BDT: Tendo em conta que experimentaste duas épocas distintas no Trofense (primeira temporada nos campeonatos nacionais e única época no principal escalão do futebol nacional) que comentário fazes do percurso que o Trofense tem tido ao longo dos últimos anos?

 

MA: Fico triste pela situação que o clube está a viver neste momento, nas duas épocas que la estive não falharam em nada comigo, um clube muito organizado e cumpridor, uns adeptos apaixonados que fazem tudo para que os jogadores se sintam bem, digo e continuo a dizer que foi dos clubes que mais gostei de representar até agora na minha carreira.

 

BDT: Em 2010/2011 decidiste aventurar-te pelo Chipre. O que te fez levar a emigrares? Qual a tua perspetiva do futebol Cipriota e da sua cultura?

 

MA: Nessa época estava no Marítimo e em janeiro fui emprestado ao Olhanense e fiz todos os jogos pelo Olhanense como titular, no final da época fiquei desapontado por o marítimo querer rescindir comigo, e foi aí que decidi ir para fora experimentar outro campeonato. A minha perspetiva do futebol cipriota é muito simples, não tem nada a ver com o futebol português, já ouvi muitos colegas meus que já passaram por la a dizerem que o futebol praticado não fica nada atrás do português mas eu não sou nada dessa opinião, aqui o ambiente que se vive antes de um jogo não tem nada a ver com o de lá, tirando os jogos com as equipas grandes que enchem os estádios, o resto parece que estamos a fazer um jogo treino. Em relação à cultura dos cipriotas também não me agradou muito, é à base do deixa andar, amanha resolve-se os problemas e depois não resolvem nada.

 

BDT: Sentiste muitas dificuldades de adaptação? E que balanço fazes dessa experiência?

 

MA: Eu adapto-me bem às situações não tive grandes problemas de adaptação mas o balanço que faço é muito negativo, fiquei com vários meses de salários por receber, os jogadores não tinham cabeça para jogar com tantos problemas que tínhamos na equipa, desde ordenados, rendas de casa que não pagavam e por causa disso tive de mudar de casa duas vezes, constantes mentiras em relação a quando iam pagar, era sempre amanhã e depois não pagavam. Em suma foi a pior decisão da minha carreira ter ido para o clube que fui no Chipre.

 

BDT: Por fim, que mensagem queres deixar aos sócios e simpatizantes do Trofense?

 

MA: Quero agradecer todo o apoio e carinho que sempre me deram quando representei o Trofense. Foi um grande orgulho ter feito parte dessa família e faço votos que o Trofense volte a ser o que já foi antes, ou seja, um exemplo para os outros clubes. Obrigado por tudo!!!

 

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