quinta-feira, setembro 26, 2013

Manuel Wilson em entrevista ao Correio da Trofa



Manuel Wilson é vice-presidente do C.D. Trofense e tem sob a sua alçada o departamento de formação do clube. Ao Correio da Trofa falou sobre as dificuldades financeiras que o departamento atravessa, principalmente devido ao incumprimento por parte da Câmara.


 

Como está a situação do futebol de formação do Trofense?
Neste momento, atravessamos grandes dificuldades. Se não houver mais apoios e melhores condições, prevemos que a formação tenha os dias contados no nosso clube. Não podemos sobreviver com as condições que temos neste momento. Já há algum tempo que andamos a remediar os problemas e vai chegar a um ponto onde não vamos ter mais soluções, que é o que está a acontecer neste momento. Sem o apoio camarário não temos hipótese de continuar. Desde 2011 que não temos subsídios da Câmara. Até esse ano, a nível de transportes, era tudo suportado pela Câmara, mas desde aí que oferecem o transporte mas somos nós que assumimos os custos com os motoristas. Infelizmente já tivemos uma situação em que os motoristas tinham vencimentos em atraso e quase ficámos sem transporte. Todas as semanas andamos a fazer ajustes para tentar resolver situações pontuais, o que nos dificulta muito a vida. Só é possível continuar devido à “carolice” de algumas pessoas e de duas ou três empresas a quem nós recorremos, mas essas portas começam a fechar-se porque assumimos compromissos baseados nos contratos que tínhamos com a Câmara, e com o que foi prometido nas reuniões que tivemos, mas nada foi cumprido e nem há datas sobre quando serão conseguidos esses subsídios.


Quantas pessoas abrange neste momento o departamento de formação do Trofense?
Entre treinadores, jogadores e dirigentes são cerca de 300 famílias que estão em causa. Temos dez equipas de competição, mais a escola Trofintas, o que perfaz mais de 250 atletas. Tudo isto tem custos. Por exemplo, no equipamento já têm que ser as famílias a suportar essa despesa porque nós não conseguimos.


A compra de equipamentos é uma das principais dificuldades?
Não é só nos equipamentos. A nível de formação no nosso concelho é o Trofense e pouco mais, talvez o Bougadense. Para sermos uma referência a nível de formação temos de recorrer aos concelhos vizinhos, o que nos põe um problema de transportes.


Estão em risco as deslocações das equipas nos jogos fora de casa?
Até agora não tem acontecido, porque as despesas são custeadas a meias entre nós e a autarquia. Mas a realidade é que o apoio não é o que precisamos, nem tão pouco o que nos foi prometido. Isto também é uma questão social, temos quase trezentas crianças e muitas vezes tiramo-las da rua, que se não fosse o futebol, andavam perdidos e que têm bom aproveitamento escolar desde que integraram a nossa formação. Tem que haver um reconhecimento maior do nosso trabalho. Neste momento, o Trofense dá mais ao concelho do que a Câmara dá ao Trofense.


A verba em falta é de que valor?
O protocolo existe desde 2011 e são largos milhares de euros referentes a esse ano. Depois disso há um acordo, mas nada foi assinado e andam a adiar. A única resposta que nos dão é que a situação está difícil. Essa situação põe tudo em risco porque não podemos cumprir os acordos que temos. Custa-nos olhar para outros concelhos e ver os clubes apoiados e na Trofa não há apoios nenhuns.


Esta é a fase em que o projeto da formação atravessa maiores dificuldades?
Sem dúvida. Quando entrámos no clube, encontrámos muitas dificuldades. As empresas sentem a crise e, com algumas exceções, não se mostram disponíveis para ajudar. Além disso, quem se comprometeu a ajudar, ou seja a autarquia, não tem cumprido.


Sente que o Trofense, como uma das marcas de referência no concelho, devia ser mais ajudado?
Não tenho dúvidas disso. Devíamos ser vistos com outros olhos até porque somos um bom parceiro para a dinamização do concelho. Neste momento não podemos ter sequer um psicólogo, que já foi muito útil no passado.


E como está o complexo da formação no Monte de Paradela?
O complexo tem cerca de oito anos. Nos primeiros anos a manutenção foi-se fazendo, mas desde há quatro que ela não existe. Corremos o risco de mais um ano, principalmente o relvado sintético se deteriorar e perdermos tudo. Pedimos orçamento, mas as verbas são elevadas e nós precisávamos de fazer uma intervenção de fundo, mas não se tem concretizado por falta de verbas. É uma pena depois do investimento que se fez, deixar ir tudo por água abaixo. Além disso, utilizamos um campo em Covelas para jogos de algumas equipas, mas começamos a ter dificuldades em suportar as despesas. 

 

Fonte: site oficial do C.D.Trofense

 

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